Infelizmente
alguns estão equivocados quanto a graça do Pai em relação ao perdão e a
vivência religiosa. Estão cumprindo leis e ritos dizendo que estão sendo fiéis
a Deus. Lembrando que a única coisa que Jesus pediu foi para amar a Deus e ao
próximo do mesmo jeito que ele amou.
Muitos
líderes sempre criticaram, com razão, movimentos que
surgem trazendo soluções para a espiritualidade e principalmente para o
crescimento numérico dos membros em dias de culto. No entanto, nos dias
hodiernos alguns estão enveredando por esses caminhos que antes eram censurados.
Muitos desses pastores dizem ser defensores da sã doutrina, e se orgulham de
não participar de nenhuma seita, apesar de na prática serem sectários.
O
que observamos é que se um pastor de alguma igreja grande começa a dá
seminários e treinamentos, geralmente outros líderes não olham o caráter ou
vida desse pregador. Não levam em conta se ele se parece com Jesus que é o
pressuposto básico e único para um líder cristão. O que está dando a esses
pregadores a autoridade para ensinar é apenas o número de membros que eles têm
em suas igrejas. Em outras palavras, o que vale é o salário, fama, carro,
quanto eles mandam para as campanhas de missões e plano cooperativo, o sucesso.
Liderança assim está nos moldes de Mamon e não de Jesus.
Ficamos
tristes quando verificamos que pastores com anos de ministério, que sempre
criticaram os modelos prontos e encaixotados, estão aceitando esses discursos
que ao invés de libertar aprisionam as pessoas dentro de um calabouço
doutrinário, onde o que não estiver de acordo é do demônio e deve ser
expurgado. A cada viagem e congresso mudam o direcionamento de suas igrejas.
Alguns
treinamentos estão formando tiranos e não discípulos e discípulas de Cristo.
Pastores que se orgulham de excluir pessoas que não estão de acordo com os seus
devaneios teológicos. O nosso nordeste, “terra que se plantando tudo dá”, tem
recebido uma teologia sulista, não mais a do sul dos EUA, pois essa ideologia
já está presente no inconsciente coletivo religioso brasileiro, onde pessoas
divorciadas, por exemplo, não podem servir a Jesus e para eles estão condenadas
ao inferno. Jesus perdoou uma prostituta e a enviou a pregar o evangelho, porém
para alguns pastores os divorciados só servem para “limpar banheiro” e olhe lá.
Pastores que ao invés de cuidar das ovelhas que já sofrem o estado de
separação, ainda levam uma mensagem de mais separação aos que sofrem. Não levam
em conta que em todo rompimento existe muita dor, principalmente por parte
daqueles que acreditam na família como sendo uma bênção de Deus e que estão
sofrendo pela separação. Tem ainda aqueles que dizem que a mulher mesmo
apanhando não pode fazer nada que não seja permanecer nisso que eles chamam de
casamento. Pastores que acreditam que casamento seja um papel autorizado pelo
Estado e não a união de corações com a benção de Deus. Não importa quem errou
todos os divorciados estão condenados, dizem eles usando a Bíblia. Esse
evangelho só pode ser o dá marcha ré.
Pastores
e líderes que foram chamados para anunciar o evangelho da libertação estão
tomando parte no juízo, que só pertence a Deus, e colocando no inferno ou
excluindo das atividades da igreja aqueles e aquelas que Jesus perdoou. Na
ordem dos pastores não pode existir divorciados, mas os que mentem, são
arrogantes, facciosos, só pensam em dinheiro, maltratam suas famílias por serem
machistas, será que essas coisas não são pecados? Será que aqueles que estão
separados dentro de casa não estão separados diante de Deus? Esses pregadores
precisam voltar a estudar a Bíblia, pois estão se valendo de sua autoridade
pastoral, ao mesmo tempo em que condenam aqueles que se intitulam apóstolos ou
bispos, para ensinar coisas que dizem respeito às suas idéias.
Porque
será que as armas desses pregadores só estão apontadas para homossexuais e
divorciados? Porque não existe uma marcha em direção ao congresso nacional
mostrando que os evangélicos estão indignados com a corrupção e os desmandos da
politicagem brasileira (inclusive daqueles políticos que se dizem crentes)?
Porque os profetas só são profetas nos templos e nunca nas ruas? Onde estão os
defensores da Bíblia que não observam o cotidiano para saber que na injustiça
nunca teremos paz como bem afirmou o salmista? Há muito deixamos de ser
protestantes e/ou cristãos para sermos evangélicos, eis aí um verdadeiro tema a
ser pregado.
Santo
Agostinho alertou que “se escolhemos partes do evangelho em que acreditar, não
é no evangelho que acreditamos, e sim, em nós mesmos”. Partindo desse
pressuposto, podemos concluir que alguns pregadores já perderam a fé em Deus,
pois acreditam em si mesmos dizendo que estão acreditando em Deus. São
pregadores de “Deus” sem Deus. Pastores de “fé” sem fé. Seguem uma linha
fundamentalista ortodoxa dizendo que estão seguindo uma suposta revelação
progressiva acreditando que Gênesis foi o primeiro livro a ser escrito e
apocalipse o último. Esquecem o que estudaram nos seminários onde a TENAK ou os
escritos do Antigo Testamento hebraico não estão relacionamentos dessa mesma
maneira que temos hoje na Bíblia. Criticam os que seguem a lei e estão
construindo outras leis. Querem ser literalistas, mas não guardam o sábado e
nem sacrificam no templo. Alguns da mesma forma que os escribas e fariseus usam
o texto bíblico para condenar as pessoas dizendo “está escrito”, mostrando
dessa forma que também não entenderam o Espírito da Lei. Jesus também disse que
está escrito que devemos amar ao próximo, ser misericordiosos e ajudar os
fracos. Citar versículos sem contexto em prol de uma causa não é honesto, pois
confundem aqueles que têm pouco conhecimento da Palavra. “Um amontoado de
blocos não é uma construção.” Não condeno esses pregadores, apenas acredito que
estão equivocados em suas interpretações bíblicas.
Essas
palavras são também minha oração. Oro para que o sonho do pastor batista Martin
Luther King Jr aconteça ainda em nossa geração de cristãos, onde possamos andar
de mãos dadas reconhecendo que todos e todas estão no mesmo nível de pecadores
perdoados e justificados diante de Deus. Onde a arrogância ministerial seja
trocada pelo avental do serviço cristão que é o doar de si ao próximo. Oro para
que o mundo veja em nós não os novos inquisidores, mas os arautos de uma
mensagem que liberta o ser humano do pecado. Oro para que os pregadores,
pastores e pastoras, não confundam as pessoas com os seus pecados e queiram
resolver o problema do pecado matando as pessoas pecadoras como era na antiga
aliança. Regra de ouro: por trás de todo pecado existe um ser humano que é
amado do Pai.
Como
a minha oração pode não ser ouvida, nem aceita e até mesmo contestada, oro para
que a oração de Jesus em João 17 seja concretizada entre os discípulos e
discípulas de Cristo: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim
e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste”.
“E
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8.32. Amém!
Fábio
Porto