Profeta
nordestino: de sandália de couro e Bíblia na mão.
Fiquei extremamente feliz e lisonjeado
em participar desse momento de homenagens a esse que é simplesmente: Marcos
Monteiro. O que falar de uma pessoa que ao meu ponto de vista encontrou o
caminho proposto por Jesus, o Cristo de Deus. Esse camarada escreve bem, fala
bem, é inteligente, solidário, teólogo, filósofo, discípulo, pensador e acima
de tudo, um amigo, que nos ensina através do contexto da amizade que deveremos
ser garimpeiros da humanidade no humano.
Difícil é falar desse nordestino
sexagenário, porém vou arriscar algumas palavras que tentam dizer de Marcos
Monteiro e da parte de minha vida onde ele ajudou a resignificar, construir,
destruir, crescer, diminuir, chorar, sorrir, morrer, viver... Enfim, ele faz
parte de uma das melhores fases da minha existência.
Sempre em minha caminhada cristã tive
dificuldades de entender a vontade de Deus. As religiões sempre tentam
decodificar essa vontade àqueles que são os seus adeptos. Entre idas e vindas
na vida cristã chego em 2004 ao Seminário Teológico Batista do Nordeste, STBNe
em Feira de Santana.
Em meio ao emaranhado de sonhos, medos,
incertezas e perspectivas para essa nova etapa de minha vida, incluindo o
cumprimento e/ou o aprendizado da vocação, conheço um pastor, filósofo, amigo,
enigmático com sua sandália de couro e uma perspectiva utópica (no sentido de
não lugar) do Reino de Deus. Onde o mais precioso dos valores humanos, uma vida
de e com dignidade, não a sobrevivência a qualquer custo, faça parte dos nossos
relacionamentos. Uma ambiência onde os participantes não são nem concorrentes
nem objetos de uso e de consumo, mas irmãos e irmãs engajados na tarefa perene
de construir vidas compartilhadas.
Há algum tempo pensava que minhas dúvidas
e questionamentos seriam resolvidos ao pisar o terreno daquela instituição. No
entanto, e não sei ainda o porquê, fui parar em uma lecção onde Marcos Monteiro
estava falando sobre o Outro do Outro do Outro. Pronto! A partir daquele momento
meus dias de paz teológica acabaram. Pois ao invés de respostas, que em muitos
casos são insuficientes, fui levado por um desses Outro, onde com todo respeito
aos defensores da sistemática incluí Marcos, ao mundo fantástico das perguntas.
Se não bastasse pensar no Outro incomensurável, no Outro incompreendido e no
Outro complexo, ainda me aparece um ‘outro’ (Marcos Monteiro) nos convocando à difícil,
mas apaixonante, tarefa de pensar nesses Outros a fim de que encontremos a
melhor maneira de Outrar, viver a alteridade.
Na sala de aula, no Portal da Vida, nos
congressos, nas lecções, nos debates, nos momentos comensais (onde aprendi que
existe também uma teologia da cozinha), na comunidade de Jesus, dentre outros
ambientes, descobri que esse não lugar que tanto queimava meu coração se
tornara uma realidade. Viver um Evangelho encarnado faz parte da práxis desse
homem. Sua lucidez é incrível. Em uma das suas falas no seminário sobre
pastoral urbana ele disse que temos muitas coisas para fazer na construção de
um mundo mais justo, igual, fraterno e solidário, e que não deveríamos pegar
seus questionamentos sobre o uso da gravata e seus significados por exemplos, e
fazer desse assunto um foco onde gastaríamos muita energia, pois essa era uma
dificuldade sua e que nós deveremos buscar o caminho que desse sentido a nossa
vocação. Lembrando Raul Seixas: "passei a vida inteira brigando com os
galhos, quando na verdade o problema estava no tronco".
Certo dia ao perguntar a Marcos se a
explicação de um querido professor do STBNe, que também tinha ouvido a mensagem
o Outro do Outro do Outro, estava correta, ele me disse que gostaria que esse
professor fosse explicar pra ele também, pois nem ele tinha entendido direito.
O momento hilário serviu para me mostrar que o aprendizado se dá no caminho. A
sabedoria está no fato de aprender sempre, mesmo que se aprenda o que se sabe e
assim partir para um novo aprendizado.
Agradeço ao Pai por nos proporcionar
vivências com pessoas comprometidas com a vida e com o sentido que ela deve ter
no processo de superação das vicissitudes humanas. Marcos Monteiro é uma dessas
pessoas iluminadas que habitam esse mundo complexo. Só uma coisa no meu
convívio com Marcos me deixou triste, porém desafiado, ele me disse que não
tenho mais o direito de morrer de qualquer jeito, pois quem conheceu José
Comblin e a sua teologia da enxada pessoalmente, participou de retiros e
congressos, deverá ser, no mínimo, assassinado pelos opositores da vida. Oxalá
que não seja uma profecia!
Sigo meu caminho, algumas vezes como um
jumentinho na avenida, outras como Paranísio da Vila Maravila
com seu incurável otimismo sonhando com o dia em que o AGÁ seja acrescentado e
tenhamos a Vila Maravilha socialista de vergonha. No entanto, nessa parte da minha
vida chamada Marcos Monteiro, aprendi a sonhar e a caminhar na direção da
construção de um mundo onde a ética e os valores do Reino de Deus apresentados
no Sermão do Monte sejam uma realidade.
Que o Pai continue a abençoar esse
profeta nordestino, de sandália de couro e Bíblia na mão, às vezes
incompreendido, outras vezes compreensível, e em todas elas amável.
Fábio Porto
Seu texto está simplesmente impecável.
ResponderExcluirSua objetividade e simplicidade tocou meu coração; verdadeiramente encontrei um servo de caráter cristão, ou seja um atalaia!
Louvado seja Deus pela sua vida!
A propósito, caso ainda não esteja seguindo o meu blog, deixo aqui o convite.
http://frutodoespirito9.blogspot.com/
Em Cristo,
***Lucy***
P.S. Visite também o blog do irmão J.C.de Araújo Jorge.
Temas bíblicos e mensagens abençoadoras:
http://discipulodecristo7.blogspot.com/
Querida Lucy
ExcluirBom te encontrar por aqui... será um prazer compartilhar minhas inquetações com vc... Fique a vontade nesse blog..
um abraço fraternal em Cristo Jesus!!!