As
estações do ano são momentos fantásticos no ciclo da vida, tanto na vida
humana, quanto na natureza. Começar, terminar e recomeçar gera sempre uma
expectativa salutar diante do desconhecido.
A
primavera chegou com sua exuberância e beleza renovando não só a flora, mas os
corações dos amantes e das pessoas que sonham com a possibilidade de um mundo
diferente. No entanto, será que poderemos sonhar com um mundo de equidade onde,
por exemplo, crianças e idosos, pobres e oprimidos, têm o seu sustento básico
cerceado por pessoas que não sonham, pois vivem em constantes pesadelos?
Pessoas assim vivem ou morrem à custa dos sonhos (carne e sangue) daqueles que
são desfavorecidos e oprimidos pelo sistema que no seu ser só existe uma
estação: desumanidade.
Será
que poderemos acreditar em um mundo onde ao invés de flores são apresentadas
armas, onde o que floresce nos jardins são corpos mutilados pela
insensibilidade da criminalidade, pedofilia, corrupção, violência simbólica,
violência urbana e doméstica e no limite, violência religiosa? Foi-se o tempo
em que armas eram apenas de fogo ou armas brancas. O ódio e a indiferença são
armas tão letais quanto uma bomba nuclear, pois o objetivo é matar o semelhante
mostrando uma “superioridade” irracional que é infelizmente por muitas pessoas
louvada. Não poderemos deixar a utopia morrer e nem ficar olhando e/ou
admirando “as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar”.
Entretanto,
como o Pai nos dá a oportunidade através dos ciclos da vida de renovar a
esperança e o amor pela alteridade, vivamos de maneira que as armas sejam
trocadas por flores e que nos corações daqueles que fazem as guerras nasçam
“uma flor amarela como um girassol”. O mundo não precisa de uma teologia fria e
desumana que no final visa apenas o lucro financeiro ou o poder. Esse tipo de
teologia não pode ser comparado nem com o mais rigoroso inverno, pois há também
beleza no inverno, porém nesse tipo de teologia e /ou religião não encontramos
nada de belo e muito menos de poético.
Como
não é possível aprender teologia, que possamos aprender a teologar. Que essa
primavera traga consigo uma teologia que floresça poesia, arte e, acima de
tudo, vida e vida abundante.
Fábio Porto
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Fraternalmente!