terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Quando Deus inverte tudo



Os dias hodiernos se configuram como tempos de muita solidão, embora com os avanços tecnológicos proporcionando uma ambiência com mais proximidade entre as pessoas, essa aparente comunicação na verdade é uma fuga para aqueles que se sentem de fato solitários. Cada vez mais relacionamentos em rede e cada vez menos relacionamentos interpessoais.

O problema dos relacionamentos em rede é que com a mesma rapidez que nos conectamos nos desligamos, sem que isso gere alguma dificuldade com aquelas pessoas que continuam na rede e, também, aquelas que se desconectam e procuram uma nova rede onde possa cair no mesmo ciclo de (des) construção de relacionamentos.

É sabido que a solidão é produzida por diversos fatores que perpassam áreas psicológicas e religiosas, como também classes sociais, econômicas, dentre outras. Entretanto, por mais que se tente resolver, o problema cada vez mais tem aumentado: pessoas solitárias e solitárias pessoas.

Uma situação complicada como essa se dá em níveis mundiais por conta do fator globalização. Daí surge uma necessidade urgente de olharmos para aquele acontecimento que mudou e vem mudando a vida de muitas pessoas abatidas pelo medo da solidão. Há aproximadamente dois mil anos nasce em Belém-Efrata, um local inexpressivo, aquele que deu ao mundo uma nova perspectiva de construção e reconstrução dos laços de amizade em todos os níveis de relacionamentos.

O Evangelho de Lucas nos mostra um Deus que não nos deixa sozinhos, solitários, desamparados, pois o Deus revelado no menino Jesus é um Deus de companheirismo, amizade e relacionamentos. Portanto, o Natal significa a presença de Deus no meio do seu povo, é o Deus-conosco.

Infelizmente o verdadeiro sentido natalino foi cooptado pelo sistema econômico-financeiro, que há dois mil anos vem se recriando de maneira que o mais importante não é a presença do Emanuel, mas sim as benesses que ganhamos com a suposta atuação e/ou servidão desse salvador materialista. Na atualidade esse sentimento vem ganhando cada vez mais força devido aos engodos que esse sistema capitalista neo-liberal vem imprimindo nas mentes e corações dos seus súditos. Natal é aquecimento de vendas e não de corações solidários; é troca de presentes e não fraternidade; é na maioria das vezes uma ceia fria e não o compartilhar de vidas em mesas redondas onde existam igualdade na alteridade.

O mensageiro anuncia a salvação e sai de cena, visto que, é Cristo quem precisa ficar nos corações solitários. O advento é aquele momento onde Deus inverte a lógica das coisas. Advento é tempo de revelação da verdade de Deus. É tempo de salvação, reconciliação e paz. Glória a Deus nas alturas e paz na terra entre os seres humanos diz o Evangelho. São os pastores, gente desprezada e que aos olhos da elite, gente sem classe, são eles as primeiras testemunhas desse fato inusitado. O mundo da ostentação e do poder não consegue ver a manjedoura, pois de lá não se encontra respaldo para esse estilo de vida auto-destrutivo. É mais fácil se encantar com as luzes dos palácios do que com a estrela que brilha solitária anunciando a chegada do Salvador.

Quando se esperava a salvação vinda de um berço de ouro, uma manjedoura acolhe aquele que muda a história da humanidade. É bem verdade que as manjedouras hodiernas tentam dar um aspecto mais aceitável para aquelas pessoas que não aceitam o absurdo do Deus encarnado em uma criança. O menino Jesus veio para dar um novo sentido às nossas vidas. Deus subverteu tudo. Não apareceu nos palácios, nem nos templos. Pastores, pessoas humildes, à margem da sociedade, foram as testemunhas do maior acontecimento para nossa humanidade e para toda a criação.

Se Deus inverteu todas as coisas com o nascimento de Cristo, não poderemos continuar no caminho que não seja o do menino Jesus. Seguir o seu engatinhar nos levará a uma caminhada de justiça, paz, solidariedade, fraternidade, e acima de tudo muito amor. O caminho que vence a solidão é a estrada que leva à manjedoura e não aquela que leva as lojas e até mesmo aos templos que vendem ilusões.

A grande promessa de Deus é essa, nas palavras do profeta: "uma grande luz brilhando na escuridão", discernindo caminhos, oferecendo orientação para os que estão na solidão, e isso tudo com a outorga daquele que é ao mesmo tempo Criança, Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte e Princípe da paz.

Fábio Porto

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nosso pequeno traço




“A morte é mais universal que a vida; todo mundo morre, mas nem todo mundo vive.” Alan Sachs

Sabemos que nosso tempo aqui na terra é limitado. No entanto, não aceitamos muito bem essa realidade enfática. Temos a eternidade dentro de nós, e por não saber, não querer ou não aceitar que eternidade é também composta pela morte, ficamos atônitos ante esse fato curioso da vida.

Muito já foi escrito, falado, cantado, conjecturado sobre a morte. Gostaria de pensar o assunto refletindo sobre a vida. Aceitar que nosso tempo na terra é limitado tem o poder de nos libertar. Libertação para uma vida que tenha sentido. Na compreensão de Jesus, vida ZOE (existência) e não apenas vida BIOS (biológica). Disse o mestre “Eu vim para quem tenham vida e a tenham em abundância”. O que temos na vida está compreendido no pequeno traço que separa as datas de nascimento e de morte de cada ser humano.

Os cemitérios têm a deslumbrante maneira de nos lembrar da vida. Olhando as lápides percebemos que pessoas estão marcadas pelo traço que separa as datas de vida e morte. O que aconteceu com essas pessoas nesse período que foi do nascimento à morte? Pelo que elas viveram? Quais foram os seus sonhos? Quem elas amaram?

Diante dessa questões eu procuro responder em vida como estou vivendo esse meu pequeno traço que um dia separará as datas. Há alguns dias estive em um velório e sepultamento de uma jovem, Rafaela*. Momento interessante da vida é a morte de alguém, e se essa pessoa for próxima, além da tristeza por causa da ausência do ente querido, vem uma maior reflexão sobre a vida.

Como o nome hebraico Rafaela nos sugere a cura de Deus, devemos viver o traço da vida curados e curadas das mazelas que atrapalham os seres humanos de uma vida (Zoe) em abundância sugerida pelo Cristo de Deus. Precisamos buscar uma existência, onde nosso relacionamento com a alteridade e com Deus, seja o resultado de uma terapia e/ou cura de nosso ser, a fim de que possamos saber quem nós somos, quem é o nosso próximo e quem é Deus. É bom lembrar que a vida é muito mais do que aquilo que conhecemos.

Diante da possibilidade da morte muitos se voltam para a fé. Contudo, deveremos cultivar uma fé inteligente. Assim como alguns vivem como se não houvesse amanhã, outros usam a fé para viver como se não houvesse hoje. Precisamos nos envolver com a nossa vida.
O ser humano contemporâneo vive uma crise na esperança. E de muitas mortes que vivemos nesse traço da existência, a morte da esperança é uma das mais prejudiciais. Carlos Mesters disse que “morte pior do que a morte da esperança não existe. Ela faz do homem um cadáver ambulante”. Observando as pessoas e seus comportamentos no funeral de Rafaela me veio a seguinte questão: será que apenas Rafa é quem de fato estava morta naquele lugar?

Quantas pessoas vazias de significados e significantes adentram os locais, a maioria ambientes religiosos, onde pessoas mortas estão sendo veladas por outras mortas? Gente que morre sua vida. Pessoas que precisam aprender com Riobaldo o sentido da existência quando ele diz que “o correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

Morrendo a esperança a cura fica cada vez mais complicada de ser estabelecida nas pessoas. Mesmo com as estatísticas comprovando o revés  da humanidade, precisamos ser curados das doenças que nos descaracterizam como seres humanos: insensibilidade, ódio, indiferença, falta de perdão, apatia, injustiças, dentre outras. É importante deixar de lado a construção de prisões que damos o nome de liberdade. A única maneira para essa cura ser estabelecida é trilharmos o caminho da fé, da esperança e do amor que faz da vida da gente ser vida de gente.

É certo que não estaremos prontos para viver se não estivermos preparados para morrer. Que sejamos curados de tudo aquilo que não é vida, mesmo reconhecendo que a morte faz parte da vida, vivamos de modo que a vida biológica seja congraçada à vida que Jesus veio para dá em abundância.

Que essa não seja a canção dos nossos funerais:

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

Epitáfio (Titãs)

O que estamos fazendo do nosso pequeno traço? A morte chegou, chega e chegará para todas as pessoas. Entretanto, a vida com sentido existencial salutar apenas algumas pessoas desfrutam. Estão diante de nós: Morte ou Vida na vida? eis a questão...

Fábio Porto

* Esposa do nosso querido Léo que é pastor da Igreja Batista no Morro de São Paulo. Que o Pai conforte o coração dos enlutados.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O limite da vida



Os últimos acontecimentos veiculados pelos meios de comunicações e pela mídia em geral, nos remete a um assunto importantíssimo sem o qual a vida em sociedade não pode ser estabelecida a contento: o limite!
Deus no princípio estabeleceu limites para tudo que Ele havia criado, pois sabia que a quebra do limite traria conseqüências danosas. Basta olharmos para a natureza e perceberemos que a humanidade tem ultrapassado a faixa que lhe garante o equilíbrio à vida saudável.
O desmatamento, a poluição, o aquecimento global, atestam essa dura realidade. O corpo humano também está sendo vítima do desrespeito aos limites. Álcool, drogas lícitas e ilícitas, sexo desregulado, corrupção, violência generalizada... são algumas das coisas que têm acabado com a vida de muita gente. Não poderíamos deixar de falar da avareza, orgulho, murmuração, mentira, infidelidade... que da mesma forma tem gerado morte. No sul do país um carreteiro não obedeceu ao limite de velocidade e por isso causou a morte de mais de 20 pessoas. Parece que está na moda carros de luxo se envolverem em acidentes graves por excesso de velocidade nas vias urbanas.
 Por isso temos que refletir sempre. Uma coisa é tratar com amor aquele que não consegue se enquadrar em um princípio e outra coisa é afrouxar um princípio para caber tudo e qualquer coisa. Por vermos famílias abdicarem de princípios e limites na convivência dos seus membros, percebemos uma dura realidade de indisciplina nas escolas, desrespeito com as leis de trânsito, descaso com os mais idosos e com as crianças, em fim, uma sociedade onde impera o princípio da falta de limites.
Diante dessa realidade só nos resta lembrar que o nosso limite vai até onde começa o limite do nosso próximo. Jesus convocou seus discípulos e discípulas para a sublime missão do amor à vida. Porque quem ama a Deus, ama também a sua criação, e respeita os limites estabelecidos por Ele. O apóstolo Pedro declarou que nos fomos chamados para proclamarmos as virtudes de Deus (1 Pe 2:9). O limite separa a vida da morte. Que possamos escolher sempre a vida como parâmetro.
Fábio Porto

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Flores, armas e poesia



As estações do ano são momentos fantásticos no ciclo da vida, tanto na vida humana, quanto na natureza. Começar, terminar e recomeçar gera sempre uma expectativa salutar diante do desconhecido.
A primavera chegou com sua exuberância e beleza renovando não só a flora, mas os corações dos amantes e das pessoas que sonham com a possibilidade de um mundo diferente. No entanto, será que poderemos sonhar com um mundo de equidade onde, por exemplo, crianças e idosos, pobres e oprimidos, têm o seu sustento básico cerceado por pessoas que não sonham, pois vivem em constantes pesadelos? Pessoas assim vivem ou morrem à custa dos sonhos (carne e sangue) daqueles que são desfavorecidos e oprimidos pelo sistema que no seu ser só existe uma estação: desumanidade.
Será que poderemos acreditar em um mundo onde ao invés de flores são apresentadas armas, onde o que floresce nos jardins são corpos mutilados pela insensibilidade da criminalidade, pedofilia, corrupção, violência simbólica, violência urbana e doméstica e no limite, violência religiosa? Foi-se o tempo em que armas eram apenas de fogo ou armas brancas. O ódio e a indiferença são armas tão letais quanto uma bomba nuclear, pois o objetivo é matar o semelhante mostrando uma “superioridade” irracional que é infelizmente por muitas pessoas louvada. Não poderemos deixar a utopia morrer e nem ficar olhando e/ou admirando “as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar”.
Entretanto, como o Pai nos dá a oportunidade através dos ciclos da vida de renovar a esperança e o amor pela alteridade, vivamos de maneira que as armas sejam trocadas por flores e que nos corações daqueles que fazem as guerras nasçam “uma flor amarela como um girassol”. O mundo não precisa de uma teologia fria e desumana que no final visa apenas o lucro financeiro ou o poder. Esse tipo de teologia não pode ser comparado nem com o mais rigoroso inverno, pois há também beleza no inverno, porém nesse tipo de teologia e /ou religião não encontramos nada de belo e muito menos de poético.
Como não é possível aprender teologia, que possamos aprender a teologar. Que essa primavera traga consigo uma teologia que floresça poesia, arte e, acima de tudo, vida e vida abundante.
Fábio Porto


PS. caso não consiga postar um comentário mande seu texto para meu e-mail que postarei para você. E-mail: fabioporton@yahoo.com.br
Fraternalmente!
                

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Cristão e a Cruz

O apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas no capítulo  seis, instrui os cristãos a gloriar-se apenas na cruz de Cristo. Os ditos seguidores da Lei queriam mostrar a circuncisão como a única forma de seguir a Deus. Paulo diz: mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Porque somente nela foi possível a libertação dos homens e mulheres do jugo do pecado. 
Esse contexto era de perseguição e muitos só circuncidavam para não serem perseguidos por estarem seguindo a Jesus. Em outras palavras, para se eximir do compromisso cristão, eles se aliavam às coisas do mundo, ou nas palavras do apóstolo “querem mostrar boa aparência na carne”.
Nos tempos hodiernos algumas pessoas têm se comportado como aquelas que o texto repreende. Buscam apenas uma vida de aparência e sem nenhum compromisso com o Reino de Deus, apesar de freqüentarem Igrejas cristãs. Buscam apenas o seu bem-estar. Nessa busca utilizam subsídios do mundo, enganando e sendo enganado por suas paixões.
Paulo diz que o mundo foi crucificado para ele, e ele para o mundo. Portanto, a mentira, o egoísmo, a falta de solidariedade, a injustiça, a intolerância, o orgulho, a desonestidade, dentre outros males são instrumentos utilizados pelos que negam a cruz de Cristo. Um evangelho sem cruz é o que muitas pessoas estão procurando e, infelizmente, muitas já encontraram.
Todavia, gloriar-se apenas na cruz de Cristo significa amar ao próximo; não buscar apenas os seus próprios interesses; ser misericordioso; “ser uma nova criatura”, ser humilde; vivenciar com as veras da alma as ferramentas do Reino de Deus: Paz, Liberdade e Justiça para com todos os seres humanos. Enfim, na cruz de Cristo o nosso limite e vocação é sermos Discípulos e Discípulas de Cristo!

Fábio Porto

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O único caminho

Praticamente todos os dias são aprovadas novas leis no Congresso Nacional com o objetivo de regulamentar a vivência harmoniosa das pessoas. Tentativas de melhorar o trânsito, a segurança pública, o sistema econômico-financeiro, estão sempre em pauta nas mesas das autoridades legislativas. Com o avanço tecnológico e o aumento de universidades e faculdades, surge a expectativa de um mundo melhor, mais fraterno e digno. Será?
Diante de todas as melhorias humanitárias fica claro que poderemos fazer alguma coisa. Porém, em face desse quadro muitos estão desorientados. Não acreditam em mais nada. E com razão! Percebemos claramente que a maioria dos projetos apresentados pelas autoridades e até mesmo pela iniciativa privada, têm no seu bojo, na sua finalidade, o benefício próprio. O bem da coletividade é sempre em segundo plano. A vida não é valorizada, e sim, o lucro.
No entanto, nem tudo está perdido. Os cristãos têm a base para que esse cenário seja transformado, mesmo que seja em pequena escala.  Jesus disse que deveríamos “buscar primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas nos serão acrescentadas”. Aqueles que buscam o Reino de Deus que é Jesus Cristo, sempre vivem e promovem a justiça, a liberdade e a paz. Quando a pessoa não tem esse verdadeiro Deus, há de ter um ídolo qualquer, antigo ou novo: dinheiro, sexo, carreira, poder, religião... e por esse ídolo é escravizado.
Será que estamos fadados a viver sob essa lógica da política, da religião e do capitalismo que a tudo consome e, até mesmo as pessoas, são transformadas em objetos que fazem girar essa roda geradora da morte? Precisamos conhecer e trilhar o caminho do nazareno.
Contudo os servos de Deus têm o seu prazer na orientação dada pelo Evangelho que a todos e todas proporciona vida e vida abundante no amor de Cristo Jesus, nosso Senhor. “Lâmpada para meus pés é a tua palavra, e Luz para meus caminhos”.

Fábio Porto

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dia Feliz


      Um grande número de pessoas não acredita na possibilidade de ser feliz, ou até mesmo de passar um dia feliz. Tais pessoas não acreditam e não percebem a beleza que o sol, a lua, uma flor, um espinho ou ainda um riacho externam com o propósito de encantar o mundo. E o que é pior, tem perdido a esperança do ser humano. Porque só o que vêem são desgraças, e a todo o instante um atentado à vida, não só com armas brancas ou de fogo, mas com o ódio e a altivez que dos olhos de muitos homens e mulheres são disparados contra seus semelhantes. E infelizmente esse ataque cruel e sem precedentes tem se perpetuado pelos atingidos.
Contaminado por esses sentimentos, o ser humano deixa de viver, e passa a morrer; porque o seu ser não contempla mais a esperança, nem o belo que está nas coisas simples da existência. E sem um rumo para a sua vida passa a praguejar contra tudo e todos. Mas será que podemos acreditar nas pessoas que fazem as guerras, geram a fome e a desigualdade? Será que elas um dia mudarão? Parece que essas perguntas e muitas outras do gênero acompanham a existência da humanidade, deixando-a sem respostas.
No entanto como diz o adágio popular “enquanto há vida, há esperança”. E direcionados por esse sentimento, muitos acreditam em dias melhores. Assim, transitaram na humanidade homens maravilhosos que conseguiram enxergar um oásis no deserto da vida humana. Porém, nenhum homem foi tão brilhante quanto Jesus de Nazaré. Ele via a beleza das coisas pela lente do amor, a qual a maioria das pessoas se recusa a colocar diante dos seus olhos. O mais impressionante é que a vida desse homem era simples e cheia de esperanças. Ele notou a formosura dos lírios do campo, a linda melodia do canto das aves dos céus, a pureza e a simplicidade das crianças... Mesmo em meio às guerras, à fome, às discórdias e outras calamidades, o Cristo de Deus não desistiu da vida das pessoas, e, em contrapartida, destilou o amor na vida daqueles que o encontraram. A partir da vida de Jesus, o mundo foi tomando uma nova direção, mas só consegue enxergar esse novo mundo aqueles que se deixam levar pelo Espírito do Mestre.
Possuídas por Cristo, as pessoas vão olhar seus semelhantes como uma possibilidade de compartilhar o amor que há no seu interior, trazendo assim a certeza de que poderemos viver dias felizes.
Fábio Porto

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Vivendo na Graça de Cristo

Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim. 
Gálatas 2:20b

Deus tem nos dado da sua graça através do seu infinito amor. O propósito de Deus é que cada um dos seus filhos e filhas vivam por essa graça.
Diante dos desafios que se apresentam para cada um de nós, é esperado que nossa resposta seja a mesma que o apóstolo Paulo testemunhou aos Gálatas. Temos que ser em todo o tempo possuídos por Cristo. Porque viver na graça de Cristo é está, em qualquer circunstância, na total dependência de Jesus.
Os seres humanos têm dificuldades de aceitar a graça de Deus. Ficam perplexos diante de uma atitude de amor e assim, querem retribuir de alguma forma o amor recebido imerecidamente. Muitos fazem promessas, outros tentam pagar com dízimos e ofertas, outros com sacrifícios, outros com boas obras, orações, jejuns, campanhas, enfim, o orgulho e a arrogância impedem de aceitar essa graça maravilhosa. A Igreja precisam abandonar a graça barata e conhecer e/ou viver a graça maravilhosa de Cristo. Sendo assim, o mundo agradecerá a relevância dos cristãos.
A graça de Cristo é aquela que nos traz a certeza do amor incondicional de Deus. É favor imerecido... é amor! A graça é aquilo que dá alegria, deleite, prazer, doçura, charme, amabilidade. As pessoas que vivem essa graça, são aquelas que podem dizer com as veras da sua alma: Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim...

Fábio Porto

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O valor da vida



Penso ser um equívoco valorarmos a vida, pois ela nos foi dada para ser vivida e não valorada. Até porque não encontraremos uma tabela de preços que seja comum a todas as pessoas. Para alguns a vida tem a mesma importância que as cifras. Há aqueles que dizem ser a vida mais valiosa do que ouro e a prata. Existem aqueles que pensam que a vida é inferior ao valor de um tênis, celular, carro. Acredito que a vida é o amor. Deus sustenta a vida em seu amor perene. Assim, não há preço a ser pago a Deus pelo seu amor.
É triste vermos vidas sendo despedaças e até mesmo pulverizadas pelo ódio, pela ganância e pela falta de amor de pessoas que só pensam em si. A única coisa que importa é o saldo positivo de suas contas bancárias. Diante das guerras, da fome, da violência, da criminalidade fica clara a fragilidade da vida.
Jesus disse no evangelho de João que Ele veio para que as pessoas tivessem vida abundante. A vida que Jesus propõe para a humanidade é aquela que coloca as pessoas acima do dinheiro, da instituição, da religião, do poder e de tudo aquilo que desumaniza.
 Cristo propõe a vida que compartilha do amor de Deus. Quem vê a vida com os olhos de Cristo procura viver uma vida de gratidão, solidariedade e de compromisso com o Reino de Deus que gera vida e, que, a ela não poderá ser imputado valor monetário algum. Pelo contrário, a vida deve ser vivida no amor e na graça maravilhosa do Cristo de Deus.
Fábio Porto

terça-feira, 12 de julho de 2011

O Reino de Deus chegou!!!

Há aproximadamente dois mil anos Deus iniciou, aqui na terra, a implantação do seu Reino através de Jesus Cristo. Jesus disse que o Reino havia chegado e que os discípulos deveriam anunciar ao mundo essa boa nova, esse Evangelho.
É bom lembrar que esse tema foi mal compreendido pelos discípulos da época do Mestre e, infelizmente, ainda hoje muitos confundem o seu real sentido. Os discípulos ao ouvirem Jesus falar a palavra Reino (basiléia) pensavam na estrutura política vigente, ou seja, visualizavam o Império Romano. Os ouvintes de Jesus conheciam reinos e viviam neles, por exemplo: o reino de Herodes e o reino de Roma. Portanto, sonhavam em reinar da mesma forma que César e os imperadores. Jesus, porém decepcionou aqueles que pensavam em dominar o mundo. Não entenderam quando Jesus dizia que o seu Reino não era desse mundo, pois a sua base estava fundamentada no amor.
É imperativo aos cristãos o anuncio do Reino de Deus a esse mundo tão marcado pelo reino do egoísmo, da corrupção, da insensibilidade, da mentira, da falta de esperança, enfim, o reino da negação do amor. É nesse mundo que a Palavra de Deus deve ser pregada, caso contrário, estaremos contribuindo para a manutenção desse caos estabelecido pelo pecado.
Se o Reino de Deus está no nosso meio através do Espírito Santo não poderemos deixar de viver esse reino em nossos relacionamentos. Não poderemos, se o Reino de Deus estiver em nosso meio, colocar no inferno um pastor que tem uma leitura teológica a respeito das questões escatológicas diferente dos teólogos neo-ortodoxos que acham que podem defender Deus (como se Deus precisasse de defesa) condenando os outros que pensam diferentemente.
Se o Reino de Deus está no nosso meio temos que pregar contra as mazelas que assolam a humanidade. Temos que saber nessa caminhada de discípulos de Cristo diferenciar o pecado, do pecador. Precisamos aprender a ser anunciadores do Evangelho do amor e não juízes do mundo em decadência.
Porque o Reino de Deus está no nosso meio, os “defensores” da tradição deveriam levantar suas vozes contra os políticos corruptos, os pregadores mercenários vendedores de ilusão, os promotores da violência e das drogas, o sistema capitalista que gera a pobreza de milhares de pessoas e de tudo aquilo que acaba com a dignidade humana. No entanto, apenas os discípulos assumem esse estilo de vida e vão até o fim amando as pessoas como Jesus amou.

O Reino de Deus é justiça, paz, esperança e amor. Temos em Cristo a inspiração para uma vida diferente, moldada pelas virtudes do Reino. Disse Jesus: “o Reino de Deus está no meio de vós”. (Mateus 12)  

Fábio Porto

segunda-feira, 4 de julho de 2011

NA CONTRAMÃO COM JESUS

O código brasileiro de trânsito diz que andar na contramão é uma infração grave sujeita a multa e perda de pontos na CNH. Por conseguinte, para estar com Jesus é mais que necessário andar na contramão.
Andei pensando a respeito do que é andar na contramão com Jesus, não do mesmo jeito que o grande teólogo católico Carlos Mestres, de quem tomo emprestado o título deste texto, embora invertendo a posição das palavras. Quero aqui refletir a respeito daqueles que abandonam as fileiras da Igreja e passam a falar mal dela.
Andar na contramão com Jesus é fazer o que nos diz o Apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos no capítulo 12. 2: “E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.“ Muitos estão não apenas se moldando aos padrões do mundo, estão absolutamente conformados e convencidos de que os padrões pregados e vividos fora da Igreja e fora da vontade de Deus deveriam ser adotados como normais pela própria Igreja.

Passam a viver uma vida dissoluta e desregrada, porém dizendo-se livres ou como diz música “Surfando Karmas e Dna” dos Engenheiros do Hawaii: “na falta do que fazer inventei a minha liberdade”. Por não ter compromisso com nada e com ninguém vivem de acordo ao que suas mentes cauterizadas lhes dizem o que é certo. Esquecem-se de que Cristo nos chama para fazermos as coisas de maneira diferente e não do mesmo jeito que o mundo faz.

Andar na contramão com Jesus é ser e ter a coragem de dizer que é cristão comprometido com a palavra de Deus e não inventar alguns subterfúgios e/ou criar um outro tipo de disfarce para tentar enganar a si mesmo.

É preciso coragem para trilhar o caminho proposto pelo Cristo de Deus e ter muita disposição para remar contra a maré. É preciso ter muita perseverança para andar na contramão com Jesus e não se deixar contaminar pelo vírus da normalidade.

Andar na contramão com Jesus é cumprir todo o mandado de Deus e ainda ter a certeza de que se é um servo inútil, pois apenas se faz aquilo que foi ordenado, no entanto tendo a convicção de que se estar no caminho certo.

Nelson Sales

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Espírito da Lei do Senhor

O mundo contemporâneo vive um esvaziamento de sentidos e significados. O que importa para a maioria das pessoas é o ter em detrimento do ser. Não importa o que você seja, primordialmente, a pessoa tem que possuir alguma coisa, especialmente, bens materiais para que possa ser feliz e livre. Isso fica bem claro ao analisarmos algumas palavras como amor, tradição, profeta, lei...

O salmo 19:7 A lei do SENHOR é perfeita e nos dá novas forças. Os seus conselhos merecem confiança e dão sabedoria às pessoas simples.” O salmista nos mostra uma visão diferente da Lei do Senhor. Quando algumas pessoas ouvem a palavra “lei” pensam logo em uma prisão. Outras dizem: “não quero fazer parte da Lei de crente”. Percebemos que o salmo não foi bem compreendido por quem pensa assim. Pois, ao invés de prender, a Lei de Deus liberta, renova, conforta, auxilia, vivifica. 

Nossa sociedade está jogando seus valores no lixo e com isso criando um vazio existencial. Os valores familiares, pessoais, sociais, não são mais cultivados por grande número de pessoas. O que importa hoje é o efêmero, o passageiro, nada precisa durar tanto, pois existe um leque enorme de opções para se viver. Um dos problemas é que muitos querem converter a sua sensibilidade em norma da moralidade e fazer do desejo um absoluto.


Os discípulos e discípulas de Cristo precisam mostrar com sua práxis o verdadeiro sentido da vida, pois nossa sociedade está corrompida e perdida em seus próprios devaneios e o que é pior, ela não sabe sair dessa condição sozinha. Assim sendo, é preciso que as pessoas que meditam nas Palavras de Jesus, a lei do amor para a vida, mostrem ao mundo como viver valores que promovam a vida e a cidadania para todas as pessoas indistintamente.


É importante que os cristãos observem o Espírito da lei como fez o salmista, pois a Lei de Deus serve para a qualidade e manutenção da vida. Devemos confiar no que nos ensina o Senhor através da sua Palavra, porque quem assim procede se torna sábio e, portanto, uma pessoa simples e dependente do Senhor.  Em outras palavras, ser humano feito a imagem e semelhança de Cristo.


Fábio Porto

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que é a vida?

Senhor o que é a vida? Será que estou vivo só porque escrevo estas palavras? Morte ou vida? Comumente, um vazio se instala na alma humana e com ele uma angústia que aterroriza a vida ou a morte de quem existe.
Pensar na vida que se vive é trazer para si um fantasma que cobra a todo tempo uma postura que não se tem ou que se sonha realizar. Essa cobrança é sempre cruel porque sempre se pensa que o tempo que temos é sempre menor do que o tempo que já se passou. O futuro é sempre menor que o passado quando temos que introspectivamente projetar uma nova forma de viver ou de morrer a vida.
Olhamos as pessoas irem de um lado para o outro e sempre pensamos que estamos parados. Pensamos sempre na mocidade que insiste em ir embora gostando dela ou não, ela se vai sem cerimônias ou pesar.
Porque a vida nunca é do jeito que a gente quer? Parece uma perseguição dos deuses.
Viver é de fato muito perigoso. Nos deixa enjoados e cheios de sentimentos que apenas nos paralisam diante do que se chama vida. Mesmo no movimento existe a angústia de viver. Fazemos sempre alguma coisa para que esqueçamos os perigos que nos cercam na atividade de pensar a vida.
Nem mesmo sei ou penso com clareza os sentimentos que me passam nesse momento. Mas de uma coisa sei: estou vivendo o paradoxo de viver e morrer na vida. Será que a mocidade é apenas um sonho que nos faz caminhar para não morrer de tédio? Ou será que a mocidade sempre será um sonho que aqueles que no momento vivem a mocidade não conseguem discerni-la e para aqueles que dizem já ter passado por ela nunca viveram essa mocidade na prática? Será que ela realmente existe? Ou será apenas uma utopia criada para nos alegrarmos se a temos ou para entristecermos se achamos que ela já passou e que nunca mais voltará?
Senhor não sei o que pensar. Contudo, nesse momento acho que tenho que viver mais e pensar menos. Para tanto, gostaria de sua ajuda para passar esse vale que parece intransponível para um simples mortal.
O amor é a única chance para quem vive ou morre na vida. Me ensine a amar...
 
Fabio Porto
 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sobrevivendo mais do que vivendo

Fico incomodado com o número de informações sobre a realidade humana no que se refere a sua dignidade e respeito. Se olharmos para a América Latina as notícias são incomensuráveis. Fome, doenças, violência, injustiças, criminalidade, etc. Minha inquietação é a seguinte: será que o muito falar resolverá ou amenizará as vicissitudes hodiernas? Está resolvendo? Será que os que falam se alimentam dessa situação para continuar escrevendo? Será que quanto pior melhor? Uma reposta é certa: enquanto escrevo muitos seres humanos estão sobrevivendo mais do que vivendo.

Gostaria de falar, analisar, questionar e/ou criticar as pessoas e, em especial, os cristãos e sua conduta diante do momento vivencial político, social e religioso. Chamados que foram pelo próprio Cristo, os cristãos deveriam não só identificar as idiossincrasias humanas, mas proporcionar uma nova caminhada para que as pessoas possam se parecer cada vez mais com a imagem de Deus que Jesus nos mostrou em sua práxis.

O sofrimento atinge pessoas. A dor marca a existência de grande parte da humanidade. No entanto, esses sentimentos poderiam ser amenizados em caso de uma prática mais encarnada do Evangelho de Cristo. Sabemos que alguns elementos fazem parte da vida humana e provocam muita dor: frustração, medo, ruptura, distanciamento, perda, angústia, tanto na dimensão pessoal quanto no plano relacional. Diante desse quadro muitas pessoas procuram ser consoladas ou encontrar um significado para sentir alívio para essas experiências negativas da vida humana. Algumas pessoas pensam na política, outras na religião e, outras ainda, nas instituições como sendo esse veículo que resolveriam seus problemas. Esses veículos são legítimos quando visam o ser humano em suas várias dimensões.

Um olhar sucinto sobre esses canais já é o suficiente para mostrar que cada vez mais suas atuações tiram a esperança das pessoas. Na política, especialmente no Brasil, a corrupção grassa a cada dia e a desesperança toma conta dos corações. As instituições cada vez mais burocratizam seus serviços dificultando o benefício que elas deveriam exercer para a sociedade. A religião por sua vez deveria ser o diferencial para a restauração da humanidade do humano. No entanto, o que observamos é, em linhas gerais, uma espiritualidade descompromissada com a vida, onde o que importa é o cumprimento da cartilha do mercado capitalista que se tornou o deus de muitos “cristãos”. Enquanto muitos sobrevivem a crueza da vida, os animadores de auditório se dizendo anunciadores do evangelho destilam seu ópio na veia de oprimidos que ficam paralisados diante das consternações. Não continuarei a discorrer das muitas mazelas que assombram nossa sociedade em nome do sagrado, pois quero é falar da esperança no Cristo de Deus. A esperança não precisa do êxito para se sustentar, pelo contrário, ela é a catalisadora que permite suportar uma dor intensa e todos os processos dos fracassos na vida daqueles que sobrevivem mais do que vivem. A esperança que surgiu na Galiléia deve marcar o caminho dos seres humanos. Em Cristo a proposta é de vida em abundância.

Minha oração é que as Igrejas da atualidade redefinam seus caminhos, não mais à luz da doutrina que preservam e que não está respondendo as demandas vigentes, mas à luz de uma práxis pastoral que perceba as incógnitas que hoje se colocam para compreender o processo do ser humano e o terrível impacto que os desajustes sociais e econômicos têm causado em todas as esferas que nos constituem como seres biológicos, psicológicos, sociais e espirituais. É preciso uma missão integral, um Evangelho integral, uma pastoral integral e, acima de tudo, um amor integral.

Fábio Porto

domingo, 1 de maio de 2011

ATÉ QUANDO?

Vivemos em um país que possui leis para quase tudo, no entanto, essas leis quase nunca são cumpridas, principalmente por aqueles que deveriam cumpri-las. As leis são criadas para nortear a sociedade, mas essa mesma sociedade começa entrar em colapso ao ver os seus governantes passando por cima das leis que o resto da população de certa forma é obrigada a cumprir.

Quando lemos jornais, revistas ou assistimos ao noticiário na televisão, sempre nos deparamos com a transgressão da lei, principalmente por parte daqueles que deveriam zelar pelo seu cumprimento.

Fico a me perguntar até quando o povo brasileiro vai suportar ser maltratado e humilhado por essas “vossas excelências”? Políticos que receberam um mandato para cuidar do povo, e que ao invés de cuidar  usam  as pessoas em benefício próprio, e de todos aqueles que de alguma forma são seus coligados ou seus cúmplices.

Até quando vamos agüentar ver o futuro das nossas crianças serem tratado com tanto desdém por parte do estado que rasga a sua constituição, e nega a esses infantes os seus direitos mais fundamentais?

Até quando vamos suportar ver os nossos idosos serem tratados de maneira humilhante e desrespeitosa? Homens e mulheres, cidadãos que trabalharam e contribuíram para o desenvolvimento do país e que hoje são tratados desta maneira.

Até quando iremos agüentar ver o sucateamento de todo sistema educacional? E ainda ver o cinismo dos governantes que constantemente declaram: “a educação em nosso estado e no país melhorou sensivelmente.” Quando vemos reportagens em toda mídia que nos informam que crianças são obrigadas a estudarem debaixo de pé de arvores por falta de um local adequado; em outros locais crianças de varias séries dividem a mesma sala de aula, a mesma carteira, e ao mesmo tempo, alguns governadores gastam verdadeiras fortunas para simplesmente formarem analfabetos funcionais. Sem mencionar que os seus filhos estudam sempre nos melhores colégios e gozam de todos os privilégios por serem filhos de quem são.

Até quando permaneceremos calados e conformados com o estrangulamento do sistema de saúde? A população é tratada com profundo desleixo, enquanto as ”vossas excelências” têm acesso às ultimas e mais avançadas tecnologias.

Até quando contemplaremos a falência do sistema de segurança pública? Onde temos uma polícia, em todos os níveis, no qual não sabemos se é mocinho ou bandido.

Não poderia deixar de questionar a respeito do universo religioso. Até quando teremos que ver homens e mulheres disfarçados de seguidores de Cristo, arrebanhando multidões e iludindo a todos, preocupados apenas com o lucro que irão obter? Refiro-me a padres, pastores, bispos, apóstolos, etc., diga-se de passagem, que muitos desses esquecem de proclamar o verdadeiro Evangelho por pura e simples conveniência.

Poderia continuar perguntando até quando para tantas outras mazelas sofridas pelo povo, mas paro por aqui, pedindo a Deus que comecemos a refletir  sobre este simples questionamento, que nos instiga a procurar respostas para questões que afetam toda a nossa vida.

Nelson Sales

domingo, 24 de abril de 2011

Cristo nossa Páscoa



Naquele domingo...
O alvorecer e a alegria,
ainda muitos dormindo,
a esperança sorrindo contagia.

Pedra removida...
Vida e amor,
Amor e vida.

Não mais dor,
não mais desespero,
a morte por um tempo reinou,
Glória a Deus nas alturas
Vive o Libertador!

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Que a esperança da Páscoa,
Nos liberte de tudo que não seja vida.
Que o Pai nos conduza
pelos caminhos do amor que a ressurreição propõe.

Para todo cativeiro:
A doçura da Páscoa!

Fábio Porto


sexta-feira, 8 de abril de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

Um brasileiro nascido na Bélgica

Joseph Comblin que preferiu ser chamado de José pelos brasileiros e carinhosamente padre Zé pelos pobres e leigos que tiveram o privilégio de sua presença e compartilharam ensinamentos para a construção de um mundo menos injusto, ou como ele mesmo dizia: “um mundo que faz referência ao Reino de Deus”.
Ontem pela manhã o mundo perdeu não somente um teólogo, mas um discípulo comprometido com a vida, e essa vida, tendo como base o seguimento de Jesus. Nasceu em Bruxelas no dia 22 de março de 1923. Foi ordenado sacerdote em 1947. Desde então construiu uma teologia que tem marcado os caminhos daqueles que desejam ser parecidos com o Cristo de Deus. Sua biografia é cheia de tensões e serenidades. Foi expulso e acolhido em países da America Latina. Lecionou em muitas universidades e seminários, entretanto, seu maior interesse era a formação de pessoas simples, as quais são vítimas desse sistema injusto, tanto na religião como na economia.
Comblin, foi um dos mais importantes e polêmicos teóricos da Teologia da Libertação. Polêmico apenas para aqueles que não refletem o seu papel cristão e trabalham para manter, às vezes inconscientemente, uma religião opressora e descompromissada com o povo. No entanto, para os leigos e pobres, os que entenderam a Teologia da Enxada, ele foi tão claro e transparente como as águas dos riachos teimosos do nordeste brasileiro que insistem em jorrar para promover a vida.
É complicado definir esse grande homem em palavras. Porém, é fácil observar sua vida e vê quem era esse diferente sacerdote que a Igreja queria abafar a voz. Sabemos que agora ele será homenageado e reconhecido, pois temos esse grande defeito, somente depois da morte damos valor a quem tem valor. Diante de tão grandiosa vida fiquei sem saber o que falar da sua biografia. Por algumas vezes tive a oportunidade de passar um final de semana entre pessoas simples do interior da Paraíba tendo o padre Zé como um facilitador e mestre para a reflexão teológica. Um doutor que preferia ensinar os leigos ao invés de estar em alguns seminários que, segundo ele, não tem compromisso com o Reino de Deus e sim com o sistema capitalista. Por conta dos meus encontros com Comblin, o pastor Marcos Monteiro, (brincando ou será que foi sério?) falou que não posso morrer de qualquer jeito. Ele tem razão! Quem conviveu ou teve momentos com esse Zé não tem como achar que as coisas são assim mesmo. Que a injustiça é normal e a tradição é incólume, mas devemos pensar o contrário, que a Palavra de Deus, Jesus Cristo, é o único seguimento que temos para uma transformação social e religiosa.
O legado de Comblin é incomensurável. Muitos livros e palavras de transformação e de conhecimento sobre quem de fato é Jesus. Em um dos seus livros ele disse que no mundo atual precisamos ser capazes de expressar o que Jesus veio trazer ao mundo. “Se ele veio convocar a humanidade para seguir o seu caminho, importa – em primeiro lugar – saber exatamente qual é esse caminho que devemos seguir e mostrar. A religião virá depois, de acordo com a cultura de cada povo”. Ainda disse mais:

“O profeta é a pessoa que ainda tem fé quando a fé de todos enfraqueceu”. 

José Comblin, 88 anos de serviço e dedicação aos povos da América Latina. Que sua vida e ensinamentos possam inspirar teólogos e teólogas, leigos e leigas, ou melhor, discípulos e discípulas de Cristo para a continuidade da luta contra a pobreza e o enfraquecimento espiritual que o mundo sem Deus vem mantendo ao longo da história.
Fábio Porto