Senhor diante do caos religioso e dos
escombros que sufocam a esperança; diante de um evangelho desencarnado que
despreza tua criação; diante do olhar de uma criança que vê sua infância sendo
roubada e ela sem forças para deter esse assalto; diante de homens e mulheres
dilacerados pela não-vida e sem o conforto do verdadeiro evangelho; diante do
grito daqueles que não são ouvidos, pois quem deveria ouvir está ocupado demais
aprendendo com o sistema anti-amor a não ouvir; diante da insensibilidade pela
fome, violência, discriminação, corrupção, morte; a Ti clamo Deus de amor. Meu clamor
é para que tu fortaleças aqueles que estão lúcidos diante desse caos; que não se
venderam e mantém a dignidade cristã; que acreditam que a fé vem pelo ouvir a
Palavra de Deus e não a palavra do mercado econômico-financeiro; que tecem com paciência
e esperança o tapete do amor para acolher os feridos dessa indústria da morte; que
Tu renoves o ânimo dos que trilham os mesmos caminhos daqueles que no passado
entenderam que mais importante é a busca pelo estabelecimento do Reino de Deus
entre os homens e mulheres; louvo a Ti ó Deus da graça, pois um movimento do
teu Espírito está acontecendo, mesmo que pontual, em uma nova geração que não
acredita nesse evangeliquez e nem em ideólogos, que já perderam a fé, mas que
se dizem pregadores da palavra, mas só sabem pregar para seu ventre; louvo a Ti
ó Deus do perdão, pois em muitos corações a fagulha da esperança acederá no
tempo certo à fogueira que aquecerá a vida de pessoas que ainda não descobriram
a vida abundante proposta por pelo Teu filho Jesus; obrigado Senhor por aqueles
que ao longo do tempo tem vivido e ensinado pela vida que um outro mundo é possível;
Senhor precisamos de memória, precisamos de raiz, precisamos de uma nova que é a
antiga vida cristã; precisamos Senhor retornar ao passado; não é viver do
passado, mas o passado viver dentro de nós. Fortalece a contramão Senhor em
nome de Jesus Cristo, amém!
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
domingo, 17 de fevereiro de 2013
A igreja dos amigos de Jó

No
livro de Jó temos alguns personagens que deixa claro qual a sua teologia. Deus
coloca o amor como base da sua relação com Jó. Satanás faz o papel de acusador
dizendo que ninguém ama a Deus se não receber nada em troca. Jó é aquele que
vive com Deus e assume todas as coisas que lhe acontecem como sendo vindas de
Deus. Os amigos de Jó acreditam que o mal vem por causa da vida de pecado de
Jó.
Mesmo
Deus testemunhando a favor de Jó, Satanás vem colocar em dúvida essa
integridade tirando o foco do relacionamento gratuito de Deus com Jó e
colocando os holofotes na categoria do poder.
Os
amigos de Jó não perceberam que o centro da guerra espiritual se dá na arena do
conflito relacional e afetivo, e não na do poder. Eles se esqueceram de que
Deus é todo poderoso e não há ninguém que possa disputar com Ele. Quando os
amigos de Jó entram em cena para lembrar a lei da retribuição, eles não se
deram conta de que estavam fazendo o mesmo jogo de Satanás. O alvo das
acusações é o relacionamento de Deus com o ser humano.
Deus
em resposta ao desafio proposto por Satanás aposta no poder do amor, do
relacionamento que existe por causa do afeto e não por causa das bênçãos. Segundo
Ricardo Barbosa “esse, por natureza, é um poder frágil, cuja força está em
cativar o coração e obter deste uma resposta igualmente afetiva e amorosa”.
Na
igreja dos amigos de Jó existe uma compreensão de guerra espiritual na perspectiva
de duas forças que se digladiam buscando provar quem é o maior e o mais forte.
No entanto, para Jó, é um conflito entre Deus que ama gratuitamente e
incondicionalmente, e Satanás, que usa de recursos que tentam desestabilizar
esse relacionamento na tentativa de impossibilitar esse amor.
Acredito
que na maioria de nossas igrejas perdemos a percepção de Jó e passamos a lutar
com as armas de Satanás quando abraçamos o dualismo e transformamos a guerra
espiritual em uma disputa pelo poder. Na disputa pelo poder, seja ela qual for,
Satanás sempre será o vitorioso.
Parece
que o pensamento dos amigos de Jó a cada dia está se renovando e se
reinventando nas pregações, nas músicas, nos relacionamentos interpessoais e
nos projetos de crescimento de igrejas. Fica claro quando os amigos de Jó
entram em cena, pois o argumento do poder é logo evocado.
Entretanto,
essa teologia reforça o argumento de Satanás. Para eles, a lógica é simples:
Deus abençoa o justo e pune o pecador. Se Jó está sofrendo, é porque pecou. Então
ele deveria buscar a Deus para perdão dos seus pecados e restituição do que
havia perdido. Fica evidente que nessa forma de ser igreja deveremos buscar a
Deus não por causa de Deus, mas por causa de nós mesmos. Nós somos a razão da
nossa fé e o objeto do nosso amor.
Ainda
bem que Jó não disse “o Senhor deu e Satanás tomou, agora devo amarrar e
reivindicar o que me foi tirado”, pelo contrario em meio ao caos disse “o
Senhor deu, o Senhor tomou, bendito seja o nome do Senhor”.
Na
igreja dos amigos de Jó não há espaço para o silêncio de Deus. No drama de Jó o
silêncio de Deus não era o da indiferença, mas o da oração e da intercessão. Da
mesma forma que Jesus disse que iria orar por Pedro quando Satanás disse que
queria peneirá-lo (Lc 22. 31-32). O silêncio é quebrado quando respondemos que
nosso coração continua sendo de Deus independente das circunstâncias.
A
confirmação do amor que temos por Deus é a resposta final de toda batalha
espiritual. Os amigos de Jó precisam se lembrar de que luta espiritual não se
trata de disputa pelo poder entre o bem e o mal (maniqueísmo). Essa luta já
fora vencida por Jesus quando ele disse: “é me dado todo poder no céu e na
terra”. A razão da guerra espiritual é demonstrar a quem nosso coração pertence.
Que
não percamos de vista o verdadeiro sentido da luta espiritual que é o de nos
transformar, transformar nossos conceitos, valores e teologia que tentam
enquadrar Deus nos esquemas malignos do poder. Nossa vocação é para subir ao
calvário, para sofrer todas as implicações do amor e do serviço e não deixar
que as insinuações do maligno nos desviem na caminhada de implantação do Reino
de Deus.
Sendo
assim, permaneceremos sempre do lado de quem é e sempre será o vencedor, Jesus
o Cristo de Deus.
Fábio
Porto
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