terça-feira, 6 de janeiro de 2015

NATALIZAR


São misteriosas as forças que concorrem para afirmar a frágil vida humana em meio a tudo que afeta o planeta e a sobrevivência dos seus habitantes. 

Superando debilidades internas e barreiras externas a vida segue seu curso e amplia sua complexidade. Para além da sobrevivência, convida a elaborar sentidos pessoais, fugir de generalizações e a aventurar em originalidade e esperança. 

Há quem queira se realizar reproduzindo padrões conhecidos e evitando riscos, e que prefira criar, sonhar e projetar-se no futuro. Quem abdica dos sonhos ou se fecha aos desafios do futuro, perde parte de sua humanidade e empurra a vida pelo beco da desesperança. 

Viver remete à abertura para múltiplas possibilidades, embora inclua realmente o risco de tropeçar em frustrações. Prossegue quem em algum lugar de si aspira a posse plena do resultado da extraordinária mistura de barro com o fôlego da vida.

Natalizar a vida é afirmar corajosamente o desejo de apropriar-se, em esperança, de tudo que há para ser, e que ainda não se manifestou em plenitude, mas impulsiona a avançar rumo à plena expressão da humanidade.

O Natal foi o mais discreto e marcante sinal da graça divina. É uma celebração que se repete, porque a vida é assim: precisa ser constantemente renovada. 

Natalizar é um convite a acolher o que há gracioso em nós e, em solidariedade, apoiar a realização das feições criativas do humano que ainda não se encarnaram na vida de outros. 

O Natal lembra o que há de singelo e misterioso em meio à trama da vida, mesmo quando se apresenta sob formas inesperadas, como a de uma frágil criança cercada de animais.

Amauri Munguba Cardoso
Natal de 2014

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