quinta-feira, 19 de abril de 2012

Jesus perdoa e muitos pastores condenam




Infelizmente alguns estão equivocados quanto a graça do Pai em relação ao perdão e a vivência religiosa. Estão cumprindo leis e ritos dizendo que estão sendo fiéis a Deus. Lembrando que a única coisa que Jesus pediu foi para amar a Deus e ao próximo do mesmo jeito que ele amou.

Muitos líderes sempre criticaram, com razão, movimentos que surgem trazendo soluções para a espiritualidade e principalmente para o crescimento numérico dos membros em dias de culto. No entanto, nos dias hodiernos alguns estão enveredando por esses caminhos que antes eram censurados. Muitos desses pastores dizem ser defensores da sã doutrina, e se orgulham de não participar de nenhuma seita, apesar de na prática serem sectários.

O que observamos é que se um pastor de alguma igreja grande começa a dá seminários e treinamentos, geralmente outros líderes não olham o caráter ou vida desse pregador. Não levam em conta se ele se parece com Jesus que é o pressuposto básico e único para um líder cristão. O que está dando a esses pregadores a autoridade para ensinar é apenas o número de membros que eles têm em suas igrejas. Em outras palavras, o que vale é o salário, fama, carro, quanto eles mandam para as campanhas de missões e plano cooperativo, o sucesso. Liderança assim está nos moldes de Mamon e não de Jesus.

Ficamos tristes quando verificamos que pastores com anos de ministério, que sempre criticaram os modelos prontos e encaixotados, estão aceitando esses discursos que ao invés de libertar aprisionam as pessoas dentro de um calabouço doutrinário, onde o que não estiver de acordo é do demônio e deve ser expurgado. A cada viagem e congresso mudam o direcionamento de suas igrejas.

Alguns treinamentos estão formando tiranos e não discípulos e discípulas de Cristo. Pastores que se orgulham de excluir pessoas que não estão de acordo com os seus devaneios teológicos. O nosso nordeste, “terra que se plantando tudo dá”, tem recebido uma teologia sulista, não mais a do sul dos EUA, pois essa ideologia já está presente no inconsciente coletivo religioso brasileiro, onde pessoas divorciadas, por exemplo, não podem servir a Jesus e para eles estão condenadas ao inferno. Jesus perdoou uma prostituta e a enviou a pregar o evangelho, porém para alguns pastores os divorciados só servem para “limpar banheiro” e olhe lá. Pastores que ao invés de cuidar das ovelhas que já sofrem o estado de separação, ainda levam uma mensagem de mais separação aos que sofrem. Não levam em conta que em todo rompimento existe muita dor, principalmente por parte daqueles que acreditam na família como sendo uma bênção de Deus e que estão sofrendo pela separação. Tem ainda aqueles que dizem que a mulher mesmo apanhando não pode fazer nada que não seja permanecer nisso que eles chamam de casamento. Pastores que acreditam que casamento seja um papel autorizado pelo Estado e não a união de corações com a benção de Deus. Não importa quem errou todos os divorciados estão condenados, dizem eles usando a Bíblia. Esse evangelho só pode ser o dá marcha ré.

Pastores e líderes que foram chamados para anunciar o evangelho da libertação estão tomando parte no juízo, que só pertence a Deus, e colocando no inferno ou excluindo das atividades da igreja aqueles e aquelas que Jesus perdoou. Na ordem dos pastores não pode existir divorciados, mas os que mentem, são arrogantes, facciosos, só pensam em dinheiro, maltratam suas famílias por serem machistas, será que essas coisas não são pecados? Será que aqueles que estão separados dentro de casa não estão separados diante de Deus? Esses pregadores precisam voltar a estudar a Bíblia, pois estão se valendo de sua autoridade pastoral, ao mesmo tempo em que condenam aqueles que se intitulam apóstolos ou bispos, para ensinar coisas que dizem respeito às suas idéias.

Porque será que as armas desses pregadores só estão apontadas para homossexuais e divorciados? Porque não existe uma marcha em direção ao congresso nacional mostrando que os evangélicos estão indignados com a corrupção e os desmandos da politicagem brasileira (inclusive daqueles políticos que se dizem crentes)? Porque os profetas só são profetas nos templos e nunca nas ruas? Onde estão os defensores da Bíblia que não observam o cotidiano para saber que na injustiça nunca teremos paz como bem afirmou o salmista? Há muito deixamos de ser protestantes e/ou cristãos para sermos evangélicos, eis aí um verdadeiro tema a ser pregado.

Santo Agostinho alertou que “se escolhemos partes do evangelho em que acreditar, não é no evangelho que acreditamos, e sim, em nós mesmos”. Partindo desse pressuposto, podemos concluir que alguns pregadores já perderam a fé em Deus, pois acreditam em si mesmos dizendo que estão acreditando em Deus. São pregadores de “Deus” sem Deus. Pastores de “fé” sem fé. Seguem uma linha fundamentalista ortodoxa dizendo que estão seguindo uma suposta revelação progressiva acreditando que Gênesis foi o primeiro livro a ser escrito e apocalipse o último. Esquecem o que estudaram nos seminários onde a TENAK ou os escritos do Antigo Testamento hebraico não estão relacionamentos dessa mesma maneira que temos hoje na Bíblia. Criticam os que seguem a lei e estão construindo outras leis. Querem ser literalistas, mas não guardam o sábado e nem sacrificam no templo. Alguns da mesma forma que os escribas e fariseus usam o texto bíblico para condenar as pessoas dizendo “está escrito”, mostrando dessa forma que também não entenderam o Espírito da Lei. Jesus também disse que está escrito que devemos amar ao próximo, ser misericordiosos e ajudar os fracos. Citar versículos sem contexto em prol de uma causa não é honesto, pois confundem aqueles que têm pouco conhecimento da Palavra. “Um amontoado de blocos não é uma construção.” Não condeno esses pregadores, apenas acredito que estão equivocados em suas interpretações bíblicas.

Essas palavras são também minha oração. Oro para que o sonho do pastor batista Martin Luther King Jr aconteça ainda em nossa geração de cristãos, onde possamos andar de mãos dadas reconhecendo que todos e todas estão no mesmo nível de pecadores perdoados e justificados diante de Deus. Onde a arrogância ministerial seja trocada pelo avental do serviço cristão que é o doar de si ao próximo. Oro para que o mundo veja em nós não os novos inquisidores, mas os arautos de uma mensagem que liberta o ser humano do pecado. Oro para que os pregadores, pastores e pastoras, não confundam as pessoas com os seus pecados e queiram resolver o problema do pecado matando as pessoas pecadoras como era na antiga aliança. Regra de ouro: por trás de todo pecado existe um ser humano que é amado do Pai.

Como a minha oração pode não ser ouvida, nem aceita e até mesmo contestada, oro para que a oração de Jesus em João 17 seja concretizada entre os discípulos e discípulas de Cristo: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste”.

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8.32. Amém!

Fábio Porto

5 comentários:

  1. Não vejo divórcio como pecado para que seja perdoado por Jesus!!!! E quanto aos outros condenarem, decidi há mto tempo não ligar para o que falam aqueles que não me amam! Todos que passam por um momento de separação merecem respeito pela decisão e compreensão pela dor, mesmo que alguns achem que quem decide se separar nunca sofre e não acredita na família. Mesmo que alguns achem que só há separação se alguém estiver errado. Mesmo que alguns achem que as pessoas se apaixonam por outras para fazerem alguém sofrer! Mesmo que alguns achem que só quem trai é que deveria sofrer preconceito dentro da igreja, aquela que foi traída deveria ter o acolhimento da igreja!! Mesmo que alguns achem que deve haver separação no julgamento dos separados, afinal, um será sempre o mocinho, e a outra, sempre a bandida!!!!! Enfim... Hoje não me chamam de evangélica e eu apenas agradeço por isso! Boa Sorte na sua escolha de enfrentar tudo isso para estar dentro da instituição!! Vc vai precisar... Mas sei bem que sua vocação e sua integridade te seguirão e vc será muito feliz!! Parabéns pelo texto, querido Fabio! Fica na paz do Pai!!

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    1. Querida Neta é sempre um prazer lê seus comentário. Como o texto não é mais nosso depois de escrito, acabamos por perceber a partir das intervenções muitas coisas não observadas e também outras não ditas.
      O título e quase toda apresentação teve como base o que eles acreditam. Também não sou a favor da caça as bruxas. Não quis criar mocinhos e nem bandidos, apenas refletir sobre os pressupostos tradicionais evangélicos. Por falar em Evangélico também espero um dia não ser chamado assim, quero ser cristão.
      Eu até tentei ficar quieto sobre o que os outros andam falando, mas não conseguir...kkk e vc faz bem em não se importar.
      Vou continuar tentando, mesmo nesse terreno, vivenciar o Evangelho por amor as pessoas que estão nesses lugares. Se é vocação, obstinação, teimosia... o tempo dirá!
      Um abraço e que o Pai continue te abençoando!

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  2. Há coisas ditas em seu texto e coisas que comentei que extrapolam seu texto. Em nada estava combatendo suas palavras, mas divagando sobre o assunto e sobre um pouquinho de cada coisa que já ouvi sobre isso... Vc pode até descobrir com o tempo, pra mim, o que vc tem é vocação! Um forte abraço! Saudades das conversas igrejeiras junto com nossos amig@s!! Xero!!! :)

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  3. Fábio sempre bom ler os seus textos de reflexão com tom de desabafo, dessa forma demonstra autenticidade(não que os outros não sejam), há quem diga que essa metodologia é superficial e simplória, certamente não é, pois as questões levantadas são profundas, complexas e embasadas, o limite entre o querer do homem e o de Deus fica definido nas atitudes dos pastores e dos membros de qualquer igreja. A palavra preconceito também serve para realçar alguns aspectos do texto. Nem sempre o que penso do outro é o real, devemos entender que há várias prerrogativas para diversas ações do indivíduo, refletir as escolhas do outra trata de pensar primeiro em meu irmão do que em mim, isso exigiria tempo e tempo sempre falta na vida de muitos capitalistas. Fábio, existem bebês velhos nas igrejas. Há um contingente de pessoas preguiçosas em buscar a palavra de Deus e também de se informar, estudar, pesquisar e debater saudavelmente as problemáticas bíblicas, dando lugar ao crescimento da árvore da cegueira, onde só é visto o defeito do outro, dessa forma, os espelhos que refletem a própria ignorância e intolerância são quebrados e impossibilitam uns dos mandamentos de Deus, amar ao próximo. Não posso e nem devo julgar, mas me pergunto se Jesus voltasse hoje concordaria com essa teologia pregada em muitos púlpitos? bem... só veremos no fim... Deus já falou que teremos surpresas no céu. Vamos as emoções.

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  4. Belíssimo texto, Fábio. Compartilho dessa mesma angústia ante os engessados posicionamentos dos líderes das nossas igrejas nos dias de hoje (ainda que disfarçados sob a capa de inovação), os quais têm afastado um sem-número de pessoas do caminho proposto por Cristo. Todavia, são vozes como a sua que me fazem ainda acreditar num outro caminhar como líder dentro desse perverso sistema eclesiástico que temos aí. Deus o abençoe!

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